quinta-feira, 18 de março de 2010

Mitos e mentiras sobre cabos HDMI


Fonte: http://www.audioholics.com/education/cables/hdmi-cable-speed?searchterm=hdmi+speed

"Certificado para 1080p":
Não existe isso. Falaremos sobre velocidade nos cabos mais tarde que, de alguma forma, tem a ver com esse assunto.

Suporta novos formatos de áudio, como Dolby TrueHD por exemplo:
Ser compatível com novos formatos de áudio é uma característica maravilhosa, pena que não tem nada a ver com o cabo. Todo cabo HDMI suporta Dolby TrueHD, etc. desde que esses formatos de áudio não causem nenhum impacto na taxa de bits (bitrate) nenhum cabo suporta esses formatos melhor do que outros.

"Speed Rated" HDMI - Taxa de velocidade:
Existem 2 medidas de velocidade oficiais definidas pela licença que define HDMI, Categoria 1 e Categoria 2, fora essas duas não existem outros padrões ou medidas oficiais. Algumas marcas que vendem cabos, na verdade fabricados na China, a preços absurdos (vocês devem saber de qual marca estamos falando) marcam seus cabos com falsas taxas de velocidade para as quais não existem padrões ou especificações publicadas. Se na embalagem do cabo estiver escrito "Ultra High Speed" (Ultra alta velocidade) ou algo no gênero acho que você deveria virar as costas e fugir dessa marca em "Ultra High Speed".

Suporte para x.v.YCC colorspace:
Da mesma forma que suporte para Dolby TrueHD, uma boa coisa, só que TODOS os cabos HDMI, independente do fabricante e das especificações, tem essa característica.

Suporte para outras resoluções específicas, protocolos e recursos:
Com exceção de capacidade para rede Ethernet e retorno de áudio seja um vídeo 2K ou 4K com Deep Color, ou similares, o suporte a essas resoluções e funções dependem inteiramente da velocidade e do possível impacto no bitrate suportado pelo cabo. Não depende do recurso em si.

Suporte a "120Hz" or "240Hz":
Nenhum aparelho emite, via HDMI, tais taxas de atualização (framerate), apesar de o PS3 da Sony e os PCs terem esse potencial. As TVs marcadas com 120Hz ou 240Hz tem um dispositivo dentro delas que dobra ou quadruplica a taxa de atualização. Portando o sinal que o cabo HDMI carrega é novamente irrelevante nesse caso.

Com toda essa bobagem circulando por aí, sobra pouco para se fazer o discurso de marketing correto do cabo HDMI. O que é uma boa coisa. Apesar de serem muito complexos os padrões que definem HDMI assim como complexo é o entendimento do processo de transmissão de sinais através dele, comprar cabos HDMI é uma coisa bem simples, em parte porque...

Digital é digital:
Um sinal digital é apenas uma seqüência de "zeros" e de "uns", por mais simples que isso possa parecer. Quando um sinal digital atravessa um cabo e é interpretado na outra ponta sem bits perdidos, o resultado é informação sem perdas o que implica em nenhuma queda na qualidade da imagem nem na do som. Esse sinal pode ter sofrido um alto grau de degradação em seu caminho por vários fatores; Interferência Eletromagnética - EMI, Interferência por rádio freqüência - RFI, problemas de polaridade, perdas por retorno, capacitância, atenuações, etc. Mas se o bitstream* é lido corretamente ao final do processo, nenhuma dessas degradações não fazem nenhum bit (figurativa ou literalmente) de diferença.

*bitstream: s. fluxo de bits, m.; sinal binário sem considerar agrupamentos por caracteres.

Essa discussão geralmente chega a um ponto que não é correto. Em algum momento alguém pode argumentar que a qualidade do cabo não importa. Mas a verdade é mais assim: se um cabo em particular, independente do preço e da qualidade interna, entrega um sinal em condições de ser lido corretamente, nenhum aumento na qualidade do cabo não vai melhorar em nada as coisas. Entretanto, se o cabo NÃO consegue entregar o sinal em boas condições é perfeitamente possível que um cabo melhor (podendo ser ou não mais caro) poderá resolver o problema. Isso ocorre porque, mesmo parecendo uma tarefa simples transportar uma série e "zeros" e "uns" apenas alternando a voltagem para cima e para baixo, as coisas ficam meio confusas a freqüências ultra altas, e a eletricidade faz coisas estranhas e nem sempre óbvias quando tentamos fazer o sinal percorrer seu caminho a altíssimas velocidades.




Um comentário:

trinitron disse...

Ótima explicação Anderson. Na verdade nenhum sinal de vídeo chega à TV acima de 60Hz, ou é 24Hz ou 60 Hz. O processador interno da TV é que dobra, triplica ou quadruplica a frequência. No caso de TVs 3D, aí sim, a fonte de sinal entrega o sinal em 120Hz para que não haja "flicker" na imagem, já que são exibidas duas idênnticas e alternadas e com espaçamento físico dependendo do efeito 3D desejado pelo diretor. Neste caso o cabo HDMI tem que transmitir uma taxa de bits dobrada e tem especificações mais rígidas.